Por força do mencionado aqui e na sequência do que foi contado aqui, nova etapa da minha vida na Polónia se concretiza. Uma mudança importante como todas as que vivi neste país até agora, talvez mais importante porque vai permitir o meu registro a termo indeterminado como habitante na Polónia. É que até agora eu não tinha direitos cívicos por não estar registrado, os meus senhorios - tanto no tempo da Iza como depois em Natolin - nunca quiseram aferir a minha residência por não quererem pagar impostos e por terem receio do meldunek, o direito de preferência sobre a superfície de que eu beneficiaria e que lhes dificultaria a vida caso eles se quisessem ver livres de mim. Agora tudo será diferente para melhor, vou mudar-me para a casa da Ewa, porque o crédito está em nome dela, onde finalmente posso obter a confirmação de que resido nesta terra.
Vendo a coisa à distância concluo que o meu caso tem aspetos divertidos. Comecei por ter um registro provisório em casa dos pais da Iza, minha ex-namorada, que servia para eu pedir o número de identificação fiscal por intermédio de uma entidade empregadora. Comecei a pagar impostos sobre os meus rendimentos como qualquer contribuinte honesto mas tinha o ónus de trabalhar em Varsóvia e estar registado em Tychy que fica 320 km a sul. Toda a correspondência fiscal, declarações de rendimentos e por aí fora eram para lá direcionados, facto que me causava grandes transtornos agravados pela nossa separação que a obrigava e à família a terem de conviver com o correio do namorado defunto já que eu tinha ficado em Varsóvia e ela tinha entretanto voltado para a Silésia. Expirado esse registo e perante as negas do meu senhorio restou-me trabalhar num regime curioso, fiscalmente reconhecido como residente em Varsóvia na rua tal e tal mas sem direitos cívicos. Ou seja, capaz para pagar impostos e segurança social mas inapto para possuir bens devido à falta de registo de residência.
É aqui em Bemowo, um West End Warsaw, que está a primeira casa mais próxima daquilo que se pode chamar de minha. A vizinhança é da melhor, um Tesco 24/7 a cem passos de casa, terminais de autocarro e elétrico ao atravessar a rua, bombas de gasolina num raio de 200m, farmácias, bancos, mercearias e clínicas com fartura, parques e piscinas a 5 minutos a pé, um centro comercial enorme a 700m, as comodidades duma grande cidade à mão de semear. Foram quatro anos em Natolin, no sul de Varsóvia, mas em breve o subtítulo do blogue terá de ser atualizado.
1 comentário:
Caro Nuno,
embora tenhamos tido apenas um pequeno contacto no aeroporto de Varsóvia, e num dia difícil para mim (tinha passado essa última semana sem dormir para conseguir terminar a tese de mestrado, que provavelmente não me vai servir de nada em Portugal, )pouco ou nada me recordo se conversámos ou sobre quê, mas quero desejar-te felicidades para a tua nova vida...
Acho sinceramente que tu e todos os outros tugas na Polónia fizeram uma boa escolha, pois Portugal é um "país" sem futuro, sem esperança, governado por miseráveis que estão apenas interessados em destruir quem trabalha.
Um abraço e muitas felicidades
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