Talvez por isso me doa mais ver no que Portugal e o Algarve se tornaram, terras que a esperança abandonou e nas quais as pessoas vivem num torpor que agonia, sem opinião nem reação. Parece que se submeteram a uma lobotomia coletiva e passam o tempo como o Jack Nicholson no final do “Voando Sobre Um Ninho De Cucos”, em transe, alienados só faltando o fio de baba escorrer ao canto da boca. É uma pena o que fizeram ao Algarve e aos algarvios. Não obstante toda a alegria inata que exibem percebe-se que é uma alegria contida, quase amordaçada, parece que são obrigados a evitar manifestações espontâneas com medo de algum fiscal dos Serviços Centrais de Controle Comportamental. Se calhar é esse estado de morbidez mental que leva muitos portugueses a seguirem a par e passo as aventuras idiotas dos protagonistas dos reality-shows e a comentarem com mais entusiasmo a expulsão da Fanny do que a perda do próprio subsídio de férias ou um primeiro-ministro que convida indecentemente os compatriotas a sairem de Portugal.
O Hugo, um rapaz que todos os dias sai de Portimão para trabalhar em Tavira, apontou o caminho a seguir de forma muito clara e acertada no meu ponto de vista. Diz ele:
- Trabalhem. Não leiam jornais, não ouçam rádios nem vejam as notícias na televisão, ignorem o que as pessoas dizem e façam o vosso trabalhinho tranquilos. Levantem-se todos os dias para trabalhar e desempenhem o vosso serviço sem dar ouvidos ao que para aí dizem.
Parece-me que ele tem razão, quanto mais lemos e ouvimos as declarações dos governantes portugueses e europeus menos confiança temos no futuro, ficamos mais pessimistas e com menos vontade de lutar contra as adversidades. Haja força nas canetas para ir bulindo e conservando a fé em dias melhores, é o que eu faço naqueles dias em que saio de casa às 7:00 da manhã com –15º C na rua.
Festas felizes com saúde e sorte!
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