domingo, 31 de julho de 2011

Olhar leonino

Domingos De férias em Faro, cidade-mãe, sem muita paciência para falar sobre as festas da pulseira, sem tema para escrever sobre a Polónia ou sobre Varsóvia, cidade-mãe adotiva, porque lá há chuvas torrenciais e aqui o tempo é de mar e repouso, velhos amigos e hábitos antigos, vi a apresentação do Sporting com a curiosidade natural dum adepto que vê chegar ao seu clube uma porção de reforços mediáticos na ressaca da temporada mais desapontadora dos últimos anos. O efeito-Bettencourt durou pouco, o discurso populista inflamou a massa adepta mas a sequência incrível de tiros no pé dado pela administração de JEB, desde a declarações acerca dos salários de jogadores, contratações sem critério, à entrada de Costinha – um ministro com tiques de ditador pós-guerra – desgastaram o crédito do líder sportinguista e as eleições antecipadas eram cenário mais que previsível. Ganhou Godinho Lopes num resultado não sem polémica, disputado voto a voto e com o novo presidente entraram novas/velhas caras para o futebol leonino: Carlos Freitas, Luís Duque e Domingos, os rostos do futebol do Sporting.

Parece-me uma boa escolha, tanto no balneário como nos gabinetes. Pessoas que sabem do ofício e de competência reconhecida, identificaram os problemas da equipa de futebol e procuraram soluções, a meu ver, corretas. Maniche está com o prazo de validade a expirar, Torsiglieri não é ainda jogador para o Sporting, Pedro Mendes teve azar com as lesões (aqui talvez o único dispensado que gostaria de ver permanecer de leão ao peito), Zapater não é melhor que qualquer júnior da Academia, Pedro Silva – esse – não é melhor que qualquer juvenil da Academia, Vukcevic tem potencial para ser uma vedeta do futebol mundial mas é um Balotelli versão balcânica, Caneira já não entrava nas contas, Grimi é uma nulidade e Saleiro não tem estofo para as exigências que o Sporting apresenta todos os anos.

Para os seus lugares, obedecendo a uma regra elementar, vieram jogadores que são teoricamente melhores dos que saíram. Bojinov, Rodríguez, Capel, Rinaudo, Schaars, Luis Aguiar, Onyewu têm palmarés, têm internacionalizações pelos seus países e prometem subir os níveis de qualidade do futebol do Sporting. Van Wolfswinkel, Rubio, Carillo, Turan e Arias são incógnitas mas são igualmente jovens lobos que terão uma palavra a dizer ao largo da época. Não alinhei na euforia com que os sportinguistas avaliaram as contratações – Grimi também passou pelo AC Milan – e acompanhei as informações que o plantel e motivação renovados ajudaram o Sporting a fazer uma muito boa pré-época plena de vitórias, com um 2-1 à Juventus pelo meio, criando junto dos seus adeptos a ilusão de que este ano a conversa seria diferente, que o Sporting lutaria pela conquista do campeonato com armas mais iguais às dos seus rivais e que estaríamos na luta até ao fim. Com este espírito recebeu-se o Valência juntando quase 50.000 fiéis para a apresentação… e levámos três na pá.

Já li muitas crónicas e artigos de opinião advogando que o adversário foi mal escolhido, que era demasiado poderoso e que devia ter sido escolhido uma equipa mais acessível para apresentar o plantel à massaSporting - Valência adepta. Não concordo. Para o Sporting ser bom tem de se bater com os bons e tentar aprender com os bons, tem de corrigir os erros que se cometem com os bons para não os cometer com os outros. Se jogássemos com o Ascoli do meu amigo Vasco Faísca, o Grimsby Town ou o Elche ganhávamos por três ou por quatro e éramos logo campeões da Europa mas como perdemos com estrondo já nos rezam a extrema-unção e atiraram-nos fora da luta pelo título, equipa com evidentes lacunas defensivas e que não corporiza uma candidatura credível ao título de campeão.

Acho que não somos bestas nem bestiais e tenho a certeza que no resto a época não vamos sofrer mais golos de lançamento lateral como sofremos do Valência, Domingos não o vai permitir. Penso que temos mais soluções do que o ano passado, alternativas que nos vão permitir duas ou mais opções de modelo de jogo adaptando-o às exigências das lesões ou dos adversários. Não somos tão fortes como outros porque não temos os mesmos recursos para ir ao mercado, porém tenho a certeza que vai ser muito melhor do que no ano passado, primeiro porque pior é quase impossível e depois porque os homens que gerem o futebol compreendem os jogadores, falam todos em uníssono e não complicam o que é fácil.

O ano passado demos uma lavagem ao Manchester City na pré-temporada e todos diziam que íamos passear no campeonato. Este ano levámos nós o chocolate, tomara que seja bom sintoma.

1 comentário:

Ryan disse...

Nao querendo dar opiniao sobre a equipa por ser vermelhao... acho que e preciso ter respeito pelo Sporting. O Domingos sabe o que faz pelo que nao entrem nem em depressao nem em euforia. Para mim o Sporting deste ano vai ter uma palavra a dizer em relacao ao titulo. E de certeza que nao esta ganho sem ter sequer comecado.