O título é o lema do meu grupo de amigos fiéis ao Festival do Sudoeste desde a primeira edição e que ano após ano atacam a Herdade da Casa Branca e as povoações cercanas (São Teotónio, Malavado, Zambujeira do Mar e até Odeceixe) para se divertirem com as atuações dos grupos musicais mas também com os hectolitros de minis que vão demolindo ao longo das noites que dura o festival. Para a festa ser absoluta tem de se dormir na tenda montada no recinto destinado para o efeito pela organização do festival, tomar banho num dos canais de regadio e fazer uma futebolada na praia do Carvalhal, sendo esta a situação mais complicada pois joga-se à bola durante duas horas debaio de 35ºC mas como o mar lá é geladíssimo basta termos água pelos artelhos que os gomos se arrepiam de medo. Mas o povo não se encolhe e arranja sempre maneira de se lavajar, mal ou bem refrescam-se e a tradição cumpre-se.
Este é o meu primeiro verão classificado como “lixo” por uma agência americana de notação. O que é que isto quer dizer? Quer dizer que um conjunto de cidadãos americanos determinou que nós temos muito pouca probabilidade de pagarmos o que devemos – quando escrevo “nós” falo do Governo de Portugal que é um conjunto de cidadãos portugueses pagos por nós – e que sobe ou desce a nossa cotação na escala deles cada vez que sentem que nós temos menos ou mais probabilidades de pagar a dívida. Na teoria isto parece uma boa ferramenta para os emprestadores de dinheiro avaliarem o risco que poderão ter de ver o seu capital ir para o galheiro, mas o Fábio já dizia que “o dinheiro encabrece” e aquele conjunto de cabrões, perdão, de cidadãos americanos não oferece nenhuma segurança de que não estejam a alterar a cotação dos países conforme as suas mudanças de humor, se dormiram sozinhos ou acompanhados, se jantaram bem ou não. Portugal foi qualificado de “lixo” dias após ter negociado – e até à data cumprido – um pacote de medidas altamente penalizantes para o povo no sentido de ganhar essas mesmas probabilidades de pagar a dívida, sob o olhar atento duma tríade de especialistas na matéria, mostrando que não queremos ser caloteiros, que não fugimos com o rabo a seringa das nossas responsabilidades. O tal conjunto de cabrões yadayadayada ignorou os documentos assinados entre Portugal e os três reis magos (será que dele tiveram conhecimento?) e entre mais um balde de bourbon rotularam de lixo uma Nação com nove séculos de história, Nação essa onde nasci e cresci, que já era adulta quando os americanos eram tão-somente uma colónia, que é credora de respeito pelas façanhas que o seu povo ancestral protagonizou, pelas inovações que introduziu, pelos meridianos que acrescentou ao planeta. Esses especuladores cidadãos americanos merecem-me credibilidade abaixo de zero, eu atribuo-lhes o nível de sub-lixo.
Os algarvios continuam a ir à praia (antes de Agosto porque depois vêm os bárbaros da Via Verde e temos de fugir dessa ralé), continuam a combinar caracoladas ou a dançarem nos Sunsets, continuam a desfrutar da vida. Ninguém nos pode censurar, somos um povo a quem são pedidos sacrifícios acumulados sem ninguém nos dar nada, somos uma gente que cria muita riqueza mas que não vê investimento público… Enfim, o algarvio é sempre enrabado.
Por isso curte-se o verão no Algarve, porque o sol é energia, porque enquanto se dança não se pensa em desgraças e que ninguém critique porque o povo precisa de esperança, de más notícias estamos nós fartos.Quanto à Moody’s, à Finch e às outras agências de raping é melhor irem pondo as barbas de molho, o tempo em que as pessoas vos dão ouvidos está quase a acabar.
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