domingo, 5 de janeiro de 2014

Eusébio. Nosso.

11 de janeiro de 1994. O Sporting Clube de Portugal organizou um jogo de futebol entre a sua equipa principal e um combinado de jogadores de diversas nacionalidades para ajudar Sergei Cherbakov, jovem futebolista leonino que tinha ficado paraplégico na sequência de um acidente de viação. Esse combinado de jogadores designado ‘Resto do Mundo’ era composto por elementos da nata do futebol mundial na altura e que eram amigos de Cherba, caso de Igor Shalimov, figura de proa do Inter Milão. O desafio foi presenciado por mais de 20.000 espetadores e terminou com a vitória por 2-1 para o Sporting, a maior ovação do público não foi para o homenageado Cherbakov nem para os marcadores dos golos leoninos Nélson e Porfírio. Foi para o capitão da equipa do Resto do Mundo aquando da sua substituição ainda no decorrer da primeira parte. Quem era? Eusébio.

Como jovem adepto sportinguista e assistindo ao jogo pela televisão, ver Eusébio sair do solene relvado do Estádio de Alvalade debaixo de uma chuva de aplausos e posteriormente ouvi-lo dizer que tinha tido todo o prazer em vir a Alvalade ‘dar um abraço de solidariedade ao Cherba’ calou-me fundo. O maior símbolo do rival, a figura do clube cuja filosofia define o meu conceito de ódio não teve problemas em, aos 52 anos, calçar de novo as chuteiras para se associar a uma iniciativa de cariz sportinguista. Percebi então que Eusébio era um benfiquista diferente, um benfiquista acima das querelas clubísticas, um benfiquista global. Passou a merecer a minha admiração e respeito.

Não sou da era em que Portugal só era falado no estrangeiro por Amália e Eusébio mas não posso ignorar o tremendo contributo que o cidadão Eusébio da Silva Ferreira deu para o reconhecimento do meu país. Muita gente sabe o que é Portugal graças a Eusébio e isso coloca-o ao lado dos maiores portugueses da história como a mencionada Amália, Saramago ou Vasco da Gama.

Eusébio tornou maior a minha Pátria. Fez mais pelo bom nome de Portugal que todos os políticos, todos os empresários, todos os governantes do século XX e XXI juntos. Sempre sem reivindicar protagonismo, sempre cultivando amizades, sempre com um amor extremo pela sua terra. E por isso eu, insignificante sportinguista, curvo-me ante o seu gigantesco nome. Que descanse em paz, Pantera Negra.

O King

1 comentário:

Anónimo disse...

Eusébio do Benfica, Eusébio de Portugal. Obrigado Eusébio e obrigado a todos os que se juntam não ao Benfica mas deixando a clubite e agradecem o que o homem fez por Portugal!