Não é nada de novo mas também não é de não se assinalar - a primavera instalou-se na Polónia. Chegou para ficar (aparentemente) e trouxe toda aquela alegria e cor que sempre a acompanha, trouxe vida e energia, todo o país fica diferente com a chegada da princesa das estações do ano. Nunca é demais salientar este facto porque a cidade fica realmente diferente com as tonalidades da nova estação, só estando cá é que se consegue dar valor à mudança que se verifica, à amplitude térmica, desde -20ºC a 20ºC, quarenta graus de diferença. Um estrilho.
A primavera traz sol e calor para apaziguar os mais rabugentos, aqueles que passaram o verão debaixo de mantas e samarras a rosnar de frio. Ele foi depressões, irritações, más-disposições e outras coisas que tais, seis meses abaixo de zero na escuridão do inverno mesmo que este tivesse sido o mais temperado a minha estada na Polónia, casacos, gorros e cachecóis postos no profundo das gavetas, meias turcas e lençóis de flanela afastados de circulação por pelo menos cem dias, tempo de recuperar bermudas de emergirem chinelos, de passar as t-shirts a ferro.
A primavera polaca traz situações que não preocupam os portugueses (que moram em Portugal) como trocar os pneus de invernos pelos de verão, filas de espera mesmo com hora marcada, cobrir mais as janelas do quarto para não acordarmos com os primeiros raios de sol do dia (a alvorada já bate à porta antes das 6:00), comprar quilos de carvão, centenas de tomates e cebolas, milhares de costeletas e infinitas salsichas para dar conta da temporada de churrascos para os quais somos convidados em abril/maio, a Majówka, período que compreende os feriados de maio (1, dia do trabalho e 3, dia da constituição) no qual os varsovianos abalam da Cidade Capital para visitarem a família e antigos amigos. Aí a cidade fica vazia de pressas, pode-se passear e descobrir recantos verdadeiramente encantadores, coisas que Varsóvia tem sempre na montra mas nem notamos durante a rapidez dos dias de trabalho.
As obras da segunda linha do metro transformaram o centro da capital polaca num teatro de obras, um terreiro de entulho e maquinas de construção. Há terra, buracos, andaimes, pedras, operários, cercas e taipais por toda a parte, o acesso ao centro está condicionado e cortado ao trânsito de superfície, felizmente o metropolitano ainda rola por Świętokrzyska, mas mesmo assim, mesmo com toda a fealdade que as obras implicam, a primavera chegou a Varsóvia e quando ela chega há um mundo novo que acorda e sorri.
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