segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Dos gatos com os quais caçamos quando não temos cães

Fresquinho em Varsóvia Apesar de parecer uma tarefa complicada em virtude de diversas situações que têm desorganizado a minha agenda, este ano ainda não perdi a esperança de ir a banhos na Praia de Faro, banhos de sol e de sal que são fundamentais para a sobrevivência dum animal de praia em paragens afastadas do litoral como Varsóvia. A praia do Báltico polaco é um destino que já calendarizei um punhado de vezes mas que nunca se concretizou porque o trabalho não permitiu, a companhia faltou ou o destino estava superpopulado e desaconselhava a viagens longas - de Varsóvia à praia marítima mais vizinha são três horas de caminho e é impensável fugir no sábado e voltar ao domingo devido aos crónicos problemas de engarrafamentos nas estradas polacas. Sobra ao deslocado algarvio fazer curtas mas incisivas deslocações a estâncias locais onde se possa encontrar areia para estender uma toalha, de preferência junto a um lago ou a um rio suficientemente limpos para se poder passar os gomos por água fresca. Lançado à tarefa, localizei um par de lugares muito agradáveis e reboquei o meu camarada Duarte, um português que fala fenomenalmente polaco, para desbravarmos esses lugares.

Żyrardów é uma localidade conhecida pelos lofts que levaram muitos varsovianos (e um determinado farense) a ponderar mudar-se para esta vila apesar de se situar a 60 e poucos quilómetros da Cidade Capital. Esta terra também é célebre pelo açude que retém água da chuva e do rio Pisia Gągolina e que foi aproveitado pela autarquia para criar uma praia fluvial posteriormente referenciada pelas autoridades sanitárias nacionais como própria para banhos. Visitei o lugar com o Duarte e a amiga Kasia, geleira cheia de sandes e de cervejame, passámos um ótimo dia de praia, ganhámos uma corzinha que minimizou um pouco a minha vergonha por andar branco como a cal e ficou no ar um possível regresso ainda durante o estio. E o regresso seria concretizado se uma outra amiga não me levasse a um sítio na saída sul da cidade, sítio que se tornou num meu spot de verão preferido.

As águas do lago de Powsinek estão classificadas como de classe II (água não-potável própria para banhos, prática de desportos aquáticos e criação piscícola) e por isso são muito procuradas pelos habitantes da Cidade Capital em virtude da sua proximidade. Por iniciativa privada foi construída uma praia fluvial num dos braços deste lago e edificada uma estrutura de recreio e lazer comLago Powsinek apoio de bar e restaurante, lugar que colheu a minha preferência este verão e onde me fiz quase residente para banhos de sol e de água doce, servindo de anfitrião ao Duarte e família - os meus 'sobrinhos' fartaram-se de brincar com o 'tio' nas bóias - e conseguindo convencer o Dani e o John a aparecerem para beber uma geladinha. Colchões, esplanadas, adequada música lounge, o destino ideal para uma escapada de fim de dia ou para uma tarde de domingo.

Já no início da época estival tinha visitado o lago artificial de Tarnobrzeg, um local que se formou a partir do desvio de águas do vizinho rio Wisla para a desativada mina de extração de enxofre e onde foi erguida uma estação de purificação e limpeza permitindo que a água do lago se mantenha sempre limpa e cristalina. Por não se situar perto de grandes cidades, o lago de Tarnobrzeg não sofre com a pressão turística sendo mais um oásis azul-turquesa na grande mancha verde-floresta que é o centro-sul da Polónia. Um pequeno paraíso de areia fina e branca que me encantou no fim de semana em que o visitei.

Já nos cascos de agosto uma amiga levou-me para secretos piqueniques em praias que não aparecem nos almanaques, aninhadas nas margens sul do Wisla ou metidas nos seus afluentes. Praias amplas onde não se vê vivalma ou pequenas línguas de areia escondidas entre frondosos bosques cujos acessos são mais apropriados para BTTs do que para um carro citadino como o meu. Regatos percorridos a duras penas porque não é fácil caminhar no leito dum rio com uma mochila às costas e um saco de plástico cheio de material para a merenda, valendo depois a privacidade e o silêncio absoluto do lugar.

Rio Świder No verão que agora finda, um generoso verão onde recuperei muita da ilusão e vontade perdida na transição 2014/2015, um verão onde ainda não consegui visitar a Praia de Faro (mas haja fé que a estação só acaba na segunda metade de setembro), houve lagos que se vestiram de Ria e Costa. Não posso dizer que tenha sido a mesma coisa porque nada, absolutamente nada substitui a Praia de Faro. Contudo tenho de confessar que foram suplentes que aproveitaram duma excelente maneira a oportunidade para mostrar o seu valor, tão bem aproveitaram essa oportunidade que são aqui recomendados.

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