Parece mentira, e ainda bem para a saúde do blogue, que ainda há coisas e imagens que me surpreendem ao fim de mais de seis anos de Polónia. Abancado com a Patrycja no Starbucks da Plac Bankowy (Praça do Banco, nome herdado do extinto Banco da Polónia cuja sede foi lá erguida no século XVIII), canecas de café aromatizado com leite entre as palmas das mãos, sorvíamos a nossa mistura enquanto comentávamos trivialidades em português, olhávamos para a rua pela janela e víamos as pessoas caminhando em passo rápido tentando fintar o frio. Nesse exercício de observação sociológica parei os meus olhos num objeto que não tinha visto nem reparado até então, uma espécie de fogareiro metálico colocado no passeio e cercado por baias.
A Patrycja assumiu o papel de cicerone de História Polaca e contou-me que tal fogareiro tornou-se comum no país durante o inverno de 1981, ano em que foi imposta a Lei Marcial na Polónia. O koksownik começou a ser instalado nas paragens de autocarro e elétrico nos meses mais frios do ano para aquecer os passageiros que esperavam transporte, hábito que ainda se mantém em Varsóvia não obstante as ditas estruturas se terem modernizado e tornado a espera mais confortável, bem como em locais onde se costumam concentrar sem-abrigo. Feito de ferro e usando um carvão especial denominado coque, tornou-se um objeto evocativo desses tempos cinzentos de repressão, funcionava então como um oásis de calor no meio de tanto gelo, um abrigo, quase como um teto onde as pessoas se podiam juntar e consolar. Ver aquele cesto de ferro atulhado em carvão numa das mais nobres zonas de Varsóvia causou o efeito contrário, uma gota de fealdade num largo tão bonito, uma sombra do passado que insiste em ficar presente, um testemunho do sofrimento que constitui o esqueleto da história recente da Polónia.
A Patrycja assumiu o papel de cicerone de História Polaca e contou-me que tal fogareiro tornou-se comum no país durante o inverno de 1981, ano em que foi imposta a Lei Marcial na Polónia. O koksownik começou a ser instalado nas paragens de autocarro e elétrico nos meses mais frios do ano para aquecer os passageiros que esperavam transporte, hábito que ainda se mantém em Varsóvia não obstante as ditas estruturas se terem modernizado e tornado a espera mais confortável, bem como em locais onde se costumam concentrar sem-abrigo. Feito de ferro e usando um carvão especial denominado coque, tornou-se um objeto evocativo desses tempos cinzentos de repressão, funcionava então como um oásis de calor no meio de tanto gelo, um abrigo, quase como um teto onde as pessoas se podiam juntar e consolar. Ver aquele cesto de ferro atulhado em carvão numa das mais nobres zonas de Varsóvia causou o efeito contrário, uma gota de fealdade num largo tão bonito, uma sombra do passado que insiste em ficar presente, um testemunho do sofrimento que constitui o esqueleto da história recente da Polónia.
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