Comecei a explorar o tema dos Mitos Urbanos nas minhas aulas, os hambúrgueres de minhocas do MacDonalds, os chineses que são transformados em chop-suey nas traseiras dos restaurantes depois de morrerem, a espanhola que se untou com doce nas partes íntimas para que o cão o lambesse enquanto o Ricky Martin assistia ao espetáculo no armário da mocinha, várias estórias que nunca ninguém confirmou mas que toda a gente conhece alguém cujo primo tem um amigo que pode testemunhar. A agulha do debate virou para lendas polacas, casos estranhos, pessoas esquisitas e daí chegámos ao Czarny Roman, uma lenda viva de Varsóvia.
Aqueles que costumam andar pelo centro da capital polaca já o viram nas suas vestes bizarras e negras, luvas, sobretudo e chapéu independentemente da estação do ano variando apenas entre os sapatos de inverno e as sandálias com meias a partir da primavera, andando rapidamente entre a Świętokrzyska, Jasna e Chmielna. Ninguém conhece a sua história, ninguém sabe do seu passado, onde mora ou se tem família. É um personagem assustador mas inócuo, não é de todo agressivo, pouco fala e quando o faz é para se referir ao “assasinato da consciência imortal” ou dum tal “Arquiassassino” que ninguém consegue identificar. O Czarny Roman caminha sempre rente às paredes e se houver alguém a ver uma montra ou a falar ao telefone encostado à parede ele pára e aguarda que a pessoa se mova e saia do seu caminho, não dando um passo ao lado para prosseguir a sua caminhada apressada.
Há quem diga que Jan Wiesław Polkowski, o seu verdadeiro nome, enlouqueceu porque perdeu a sua família num terrível incêndio mas a sua verdadeira biografia ficará para sempre envolvida num manto de mistério, mistério esse que originou um documentário cuja primeira parte aqui publico. Decidi escrever este post porque Faro é uma cidade rica em pessoas assim, figuras do folclore local que encerram um passado secreto com histórias de vida que ninguém faz ideia. A sua cidade também as terá, o leitor conhece a vida dessa gente? Claro que não, anda tudo tão alienado com a falta de tempo que nem dão pela vida passar-lhes ao lado.
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