segunda-feira, 8 de junho de 2015

Falando de bola - balanço leonino de 2014/2015

O primeiro de muitos troféus A época futebolística terminou com uma vitória do meu Sporting na Taça de Portugal, vitória suada e sangrada como todas as vitórias deste amaldiçoado clube que não consegue alcançar um triunfo tranquilo, fazendo sofrer os seus adeptos com exibições descoloridas ou, quando as coisas até estão a correr de feição, arranjando maneira de complicar a tarefa até tudo se perder. Quis a Fortuna (e a competência dos sportinguistas envolvidos na Final) que desta vez a Taça vestisse de verde, sete anos depois dum improvável Tiuí ter dinamitado as cogitações dos corruptos de Campanhã. A conquista da Taça de Portugal confirma o percurso ascendente do Sporting iniciado com a eleição de Bruno de Carvalho como Presidente do Clube. O Sporting tinha encerrado a sua pior campanha desportiva num deplorável sétimo lugar, vivia em convulsão devido à contestação criada em volta da gestão de Godinho Lopes e as perspetivas não eram animadoras tendo em conta as frágeis finanças do Clube. Sem dinheiro, sem presença nas competições europeias, sem plantel com qualidade ou com valor de mercado, Bruno de Carvalho herdou um Sporting para o qual até eu, eterno otimista, preconizava soluções draconianas como a refundação do Sporting à imagem da Fiorentina. Felizmente a direção do Sporting tinha outros planos, reanimar o Clube, restaurar a sua credibilidade e ressuscitar a fé na equipa e com a ajuda dum treinador de eleição, Leonardo Jardim, perito em fazer muito com pouco, alcançou-se o milagre de colocar o Sporting na fase de grupos da Liga dos Campeões no ‘ano zero’ da nova Administração. Vendido o artífice do milagre (há quantos anos o Sporting não vendia um treinador?), Bruno de Carvalho acerta novamente na escolha do timoneiro com a aposta em Marco Silva, consensualmente apontado como um dos melhores treinadores da nova vaga e com resultados muito positivos na liderança dum clube pequeno. Entre ventos e tempestades ainda não clarificadas na totalidade, Marco Silva assina uma temporada muito boa batendo o recorde de pontos neste século, consentindo menos derrotas que o clube campeão, rubricando ótimas prestações na Liga dos Campeões com uma equipa alicerçada em jogadores da formação e confirma as suas potencialidades ganhando a Taça de Portugal, única competição nacional acessível ao Sporting em virtude do atraso no Campeonato e da Taça Lucílio Batista ter vencedor anunciado por decreto desde da sua criação, depois num jogo épico de bravura e caráter. A Gestão pouco ortodoxa de Bruno de Carvalho consegue, no espaço de dois anos, transformar um clube moribundo numa força desportiva vencedora, capaz de seduzir futebolistas mais capacitados que procurem projetos aliciantes de carreira e de atrair investimento. A nação sportinguista voltou por fim a sair à rua para vitoriar a sua equipa e extravasar a alegria. Por fim caiu a timidez de se ser do Sporting, provou-se que o Leão é capaz de ganhar mesmo com meios inferiores aos dos diretos adversários e que conseguimos concretizar objetivos que outras equipas melhor apetrechadas não conseguiram. Aqui reside o meu segundo regozijo da época.

Não ver o fc porto ganhar nada este ano deu-me imenso prazer. Mais prazer me está a dar ver o clube em outsorcing, o que prova que algo está a mudar em Campanhã. Nunca vi um treinador do clube ter tanta autonomia a escolher um plantel, todas as contratações que os azuis-e-brancos fizeram desde que o atual presidente entrou em funções têm sido ‘contratações do Presidente’ salvo escassas exceções ao passo que este ano o basco Lopetegui teve carta branca para trazer Adrián, Marcano, Fernández, Campaña, José Angel, maltinha que nem no Ramaldense calçava. Quando as más exibições exasperaram as bancadas do Dragão, ao contrário do habitual em Pinto da Costa, ninguém deu o corpo às balas pelo treinador, foi este que saiu sozinho a terreiro para defender os seus jogadores, não se ouviu a mensagem de dentro para fora que é costume nos azuis-e-brancos quando rebentam crises desportivas. Não houve toque a reunir, ficou JulenA Taça É Nossa! Lopetegui agarrado ao leme da nau dando a imagem de que ninguém estava com ele para o ajudar a dobrar a tormenta, um esmagador silêncio presidencial enquanto a equipa caminhava para o bi-descampeonato, coisa tremenda para um clube habituado a ganhar para poder suportar uma estrutura que custa fortunas ao mês entre administradores de SAD, jogadores emprestados, comissionistas e favores devidos. Quero acreditar, eterno otimista, que o fim do ‘pontificado’ está próximo e que os longos anos negros de trapaçarias serão em breve apenas uma memória feia do que era o nosso futebol nas cinzentas décadas de 80 e 90. Quero crer que o karma também funciona no futebol e que os batoteiros sejam punidos pelo que fizeram, uma pena justa e tendo a do Boavista como referência.

Espero que as duas conquistas protagonizadas por clubes de Lisboa seja o primeiro passo do definhamento do grupo de Campanhã. Espero que as investigações que decorrem na FIFA sejam um sinal claro de que a falsidade e a intrujice não têm lugar no desporto-rei. Espero que o Sporting se mantenha no trilho do sucesso desportivo mesmo que tal suscite tentativas de branquear este facto inegável através de manobras de diversão e peças de jornalismo de vão de escada encomendadas por atacado. Espero que o poder do futebol volte para Sul porque, a não ser o Sporting a ganhar, prefiro que ganhem uns patetinhas foleiros do que uma quadrilha de mafiosos.

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