Viajando para oeste, na direção de Poznań, saímos de Varsóvia pela grande Avenida Jerozolimskie, a artéria principal de acesso à capital para quem entra por oeste / sudoeste. Passamos pelos centros comerciais Blue City e Reduta, pelas hiperinstalações do Leroy Merlin e dos três amigos que parecem andar sempre juntos neste país: Makro, Castorama e MediaMarkt. Paisagens que não são diferentes das de Katowice ou Lisboa, estas marcas estão representadas em todas as grandes cidades europeias e já não parecem estranhas a este algarvio. No Domingo de Páscoa está tudo encerrado, apenas as bombas de gasolina se mantêm disponíveis para os clientes que rodam sobre as estradas do país visitando parentes, mostrando netos, matando saudades. Varsóvia está vazia em contraste com o bulício das estradas nacionais, nota-se isso na curta viagem de 17km até Piastów, no concelho de Pruszków.
Piastów é um dormitório de Varsóvia, lá habitam (ou dormem) quase 24.000 pessoas numa área bastante pequena (aprox. 5km²) o que confere a segunda taxa de densidade populacional mais alta do país, 4007 hab/km² depois dos 4084 hab/km² de Świętochłowice na Silésia. Piastów sofre dum problema interessante de analisar que se traduz na quase totalidade dos seus habitantes que trabalham em Varsóvia mas que têm os serviços administrativos sediados em Pruszków, o que causa transtornos à população que tem a sua vida estabelecida em Varsóvia sem ter qualquer elo de ligação a Pruszków, cidade outrora infame devido à Mafia lá estabelecida que batalhava com os seus rivais de Wołomin pelo controle do crime organizado na Capital, tema que um dia hei-de focar. A vantagem duma cidade destas é que é extremamente tranquila, não se passa nada e as pessoas podem gozar da calma absoluta que se vive em Piastów, uma calma que pode até enervar os mais inquietos.
O que há para dizer da Páscoa em Piastów? Pouco mais que aqueles que também escreveram sobre este período, ou seja, enormes quantidades de comida cuidadosamente previamente benzida e preparada para receber os convidados que são normalmente parentes que moram em paragens distantes, mais ou menos missa consoante o grau de catolicismo da família (parece que a família da Ewa não é muito praticante, ainda bem) mas de Piastów ficam algumas imagens insólitas. Não fosse o alcoolismo um problema grave na sociedade polaca e bem que se podia fazer algumas piadas com a imagem que está no topo deste texto dizendo que o sistema educacional polaco está tão avançado que ensinam o abecedário com analogias ao álcool – Absinto, Brandymel, Cerveja – nem que sejam em barracas de pré-fabricado.
Última nota para uma situação que verifiquei e que não anda muito longe do que se pode encontrar no meu país: Na rua da estação dos comboios, dois prédios geminados. Um arranjado e pintadinho, cuidado e sorridente, outro decrépito e velho, o reboco a cair das paredes. No prédio cuidado nenhum sinal exterior, no prédio velho havia quatro antenas parabólicas, duas delas a sair da mesma janela. Pode não haver dinheiro para o essencial mas para os luxos não falta. Cada vez mais acho a Polónia parecida a Portugal.
1 comentário:
Até nem é tanto por aí. No prédio novo não deve lá morar ninguém e as rendas devem ser proibitivas.
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