A consternação que varre a Polónia ja inspirou reações da comunidade internacional das quais destaco a de Lula da Silva que decretou três dias de luto estendendo “condolências sinceras e fraternais ao povo polaco” e do presidente georgiano Saakashvili que recordou a “ajuda inestimável prestada por Kaczyński no conflito da Ossétia”. O Presidente português lembrou que o seu homólogo polaco ia retribuir a sua visita oficial no próximo mês de Maio. O Povo une-se em torno de si próprio como que contando armas para mais um combate que se avizinha, analisa os danos e tenta reagir ao choque emocional, uma tarefa que seguramente não será fácil.
A tragédia teve um impacto indescritível, as pessoas ainda estão chocadas e não conseguem escolher palavras para lhes explicar o que lhes vai na alma. Há um enorme sentimento de perda, um vazio, uma tristeza profunda mesmo entre aqueles que não gostavam de Lech Kaczyński e que são a maioria da Polónia Urbana. De facto, o Presidente não era uma pessoa benquista entre os habitantes das cidades devido ao seu discurso demasiado conservador e às políticas tradicionalistas que tentava impor e que causaram alguns dissabores internacionais no tempo do Governo do seu irmão gémeo Jarosław, ele era até alvo de chacota e um dos principais protagonistas do anedotário polaco. No entanto toda a Polónia reconhece nele uma pessoa que, à sua maneira, lutou patrioticamente pelos interesses da Nação e os polacos, como povo extremamente patriota que são, prezavam isso em Kaczyński.
No acidente morreram também individualidades como o Presidente do Comité Olímpico da Polónia, o Governador do NBP (equivalente ao Banco de Portugal), o Ministro da Presidência, o diretor do Instituto da Memória Nacional, Ryszard Kaczorowski que foi o último Presidente-No-Exílio *, o Comandante das Forças Armadas, dirigentes da Comissão do Massacre de Katyń, o chefe da Agência Nacional para a Segurança, bispos entre outros. A dimensão da desgraça está patente à porta do Palácio Presidencial onde milhares de populares se juntaram espontaneamente para depositarem velas e flores, orarem pelos desaparecidos e ganharem algum ânimo em mais um momento difícil de provação.
Eu senti esta tragédia como minha também e fui ao Palácio apresentar as minhas condolências àqueles que morreram a caminho da terra maldita para presenciarem uma cerimónia de homenagem a compatriotas seus caídos pela Pátria. Katyń reclamou mais sangue polaco e estes nobres polacos prestaram tributo aos seus com as suas vidas, não podia haver homenagem maior.
* Depois da ocupação nazi e soviética de 1939, a Polónia formou um Governo reconhecido pelos Aliados que operava a partir do exterior (primeiro na França e depois em Londres a partir da queda de Paris) e que se manteve em funções até às primeiras eleições democráticas em 1990.
2 comentários:
Não, não é o único; embora confesso, eu já há algum tempo decidi acreditar, que tinha sido expulsa de Marte.
PS: E a palavra de verificação é: ressista!
obrigado, you just made my day q:)
PS: garanto que não foi de propósito... mas vem a calhar.
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