Repete-se o sentimento por esta altura, um misto de sensações que vai desde a nostalgia de mais um verão cálido algarvio que vai ficar pelas costas, a cidade capital que me espera com indiferença aparente mas roída de saudades por dentro passando pela revisão de todas as coisas pessoais e de família que devia tratar, papéis para regularizar e outros para conferir. Passa-se o mês em revista, vê-se o que foi feito e o que há para fazer, sacode-se o sal do cabelo, mete-se umas garrafinhas de azeite na mala que isso em Varsóvia anda ao preço do ouro, chouriças e milho para fazer xarém e arranca o emigrante de volta à terra do trabalho. Uma imagem um bocado cliché mas verdadeira resultado do apego que o português tem às suas coisinhas e à inexistência de tais artigos onde vive, pena que não se possa levar amêijoas e postas de corvina na bagagem.
Nesta altura do ano faço a minha pré-época, vejo quais as perspetivas de trabalho, as propostas e projetos que me esperam até ao próximo verão. Faço-o em função do ano letivo e de outras ocupações que preenchem o horário semanal, decido para onde me viro e ataco o trabalho revigorado pela carga de sol que trago do Algarve, contente por rever os amigos e os queridos (e queridas) que ficaram em Varsóvia.
Este ano a pré-época é diferente de todas as anteriores, os acontecimentos recentes a nível pessoal fazem-me reconsiderar o plano de vida na Polónia e as confusões familiares não me deixam partir de consciência totalmente tranquila. Muitos pensamentos se cruzam e influenciam a decisão final, que não é fácil porque é provavelmente o único momento nestes quase seis anos de vida fora no qual pondero seriamente a possibilidade de regressar a Faro. Trata-se no fundo de escolher entre dois males, hipotecar muito em Faro para continuar a ganhar em Varsóvia ou salvar o que tenho em Faro perdendo (se calhar para sempre) o que tenho em Varsóvia.
Haja luz para ajudar a decidir. Honestamente, banhos de mar a 22º à meia-noite com o Jotinha seguidos de tertúlias de bola com o Marguilho e o Soneca até às 2:00 da manhã puxam decididamente a corda para um dos lados.
2 comentários:
Pois é, meu caro amigo... As situações da vida são como os galhos de uma arvore, só que inversa, pois à medida que as situações são apresentadas, certamente que há 20 anos terias mais que duas opções... Mas acredito que tu, ser sapiente e com rótulo bem visível, saberás, melhor que ninguém, onde pertences. Cá estaremos, como sempre, para qualquer uma das decisões que tomes...
Agora vê lá se sabes quem te mandou isto e leva lá um manguite dos bons
lamento mas tenho a bola de cristal avariada...
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