Ouço uns ruídos secos ao longe, incomodam e crescem cada vez mais até se tornarem insuportáveis e fazerem-me abrir os olhos. Atarantado, rodo a cabeça para saber que horas são: 7:15. “Raios me partam, mas quem será faz obras em casa a estas horas da manhã?” Não consigo abafar o barulho das marteladas nem com os dois travesseiros que uso e à falta de melhor remédio levanto-me da cama. Primeiro gesto, ligar o PC. Segundo gesto, necessidades fisiológicas.
Confiro os e-mails, atualizo-me com os jornais portugueses e polacos procurando saber de que quadrante sopram ventos melhores. Parece que aqui o povo gosta do seu primeiro-ministro e até votaria nele para as presidenciais deste ano, duvido que tal aconteça com o nosso chefe de Governo (alguém escreveu que a voz do povo é a voz da Razão). Vou até à bancada da cozinha preparar o pequeno-almoço e vejo que me esqueci de comprar pão pela 4ª vez esta semana, não me está a apetecer comer torradas de pão velho e abro o frigorífico para ver o que se pode inventar como desjejum. Uma caixa da Telepizza recorda-me a carbonara de anteontem, as fatias ainda estão com bom aspeto e desaparecem empurradas pelo café com leite frio. Lá fora, a neve. Sempre a neve que insiste em pingar como a tortura chinesa que nos testa os limites da paciência, o termómetro do computador acusa -10ºC que parecem –15 com o vento que surpreendentemente começou a bufar há 3 ou 4 dias.
Como algarvio que sou não gosto de vestir muita roupa, até cá em casa durmo de tronco nu, aborrece-me chegar a um sítio e ter de tirar camadas tipo cebola, por isso prefiro sofrer um bocado de frio do que ter de andar na rua com se fosse o boneco da Michelin e arranjei maneira de sair de casa apenas de t-shirt e um casaco (quase um saco-cama), assim o frio não penetra e não tenho os trabalhos do costume ao chegar à escola. Saio de casa orgulhoso da minha resistência ao frio polar mas o clima continental resolve mostrar que não está para brincadeiras e esbofeteia-me com uma brisa gelada que nunca tinha sentido, a espera no semáforo torna-se complicada e os pés inquietam-se porque não gostam de estar muito tempo em cima da neve. No metro está-se melhor e ao entrar no edifício da escola sinto o degelo, a circulação do sangue restabelece-se no rosto e nas extremidades dos membros, o nariz já não goteja, os músculos da face já se mexem de novo. É primavera dentro de portas, benditos engenheiros civis polacos!
Ainda estamos em Janeiro, ainda temos mais 2 meses de inverno pela frente e ainda me aparecem notícias destas como se não bastasse. Digam-me sinceramente, e se souberem, a resposta à pergunta que dá título a este artigo.
PS – Mais triste do que ter acontecido o que aconteceu no balneário de Alvalade foi ter passado para o conhecimento público o que aconteceu no balneário de Alvalade. Isso é que é triste, ter um balneário com paredes de papel, uma equipa com cabeças de cristal e uma direção com pés de barro…
5 comentários:
Deixa lá que no Domingo vão estar -33.
Sim, -33 :|
Realmente caro Nuno, ainda não consegui compreender essa paixão pela Polonia fria e cinzenta.
De vez em quando gosto de "espojar-me" na neve, mas nunca mais do que 3 ou 4 dias... Levar meses nisso? Para mim é quase impensavel.
Desejo-te boa sorte para essas manhãs no Artico!
Quanto ao grande Sá Pinto! Aplaudo esse Senhor! Não é que eu queira incitar á violência, mas nunca gostei do Levezinho! Liedshow!
Admito que o gajo até joga bem, e por vezes tem umas "cagas" do caraças, e farta-se de marcar golos... Mas aquele tipo, parece-me altamente conflituoso e falso. Tenho dito!
1 abraço, e bom fim de semana.
Hoje ha jantar no Guerreros' Saloon, com canecas de imperial camano!
Duas coisas. Primeiro o Sá Pinto salta-lhe a tampa com facilidade, mas é um cobardolas: bater num velhadas de 50 anos com bigode, e agora num tipo que tem a alcunha de "levezinho" não constitui na verdade grande feito.
Em segundo, se no caso do Artur, o Sá Pinto até tinha o povo português do seu lado (por ter sido contra quem foi), agora no caso do Liedson conseguiu fortalecer a posição do mesmo.
paulo,
de noite, quando eu não faço a mínima tenção de andar na rua.
rui,
há prós e contras, o clima é um contra muito grande mas os (ou as) prós que por cá há suplantam os contras e de que maneira!! eu percebo-te, se um jogador do meu maior rival levasse o tempo todo a encavar-me golos eu tb batia palmas se alguém lhe desse um soco nos cornos!
geraldo,
parcialmente de acordo ctg no 1º ponto, totalmente de acordo no 2º.
Está frio frio mas até que é porreiro viver aqui :) Boa sorte ;)
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