quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Aquele abraço, do tamanho da Plóina!

Este post é escrito na Ilha do Farol, de janela aberta para a Deserta

Há mil e um convívios de final de ano onde os amigos se juntam para recordar o(s) ano(s) velho(s) e celebrar o ano novo. Agora que já estou confortavelmente instalado na formidável Ilha do Farol e depois ter comido um panelão de gelatina de vodca, recordo o último petisco do ano passado com uma companhia de primeira água. No Primo dos caracóis, entre Olhão e o cruzamento de Alfandanga, juntou-se um plantel criteriosamente seleccionado para atacar as provas de ovas fritas, biqueirões, pica-pau e afins.

Foi uma oportunidade excelente para deliciarmo-nos com as iguarias que o Sr. Eugénio trouxe para a mesa mas também óptimo ensejo para ouvirmos as estórias da bola, gajas e outras malcagens da terra dos cajudas e boronhas da vida narradas na primeira pessoa. Umas hilariantes, outras impublicáveis, os relatos sucederam-se entre gargalhadas e bocas abertas de espanto. Foi um momento Kodak - para mais tarde recordar.

Ontem já foi o primeiro assalto da festa de passagem de ano, ano do qual me despeço com simpatia pois foi um ano em que cresci muito e depressa, aprendi bastante sobre a dura lei da vida e conheci uma realidade absolutamente diversa da que eu sempre vivi. 30122008Agradeço a 2008 as chances que me deu e tenho esperança num 2009 igualmente recheado de oportunidades que tudo farei para agarrar. Haja saúde e sorte para atraír as boas vibrações e afastar as "kurwas" complicadas da estrada da vida.

A todos os leitores amigos deste blogue desejo um grandioso 2009!

domingo, 28 de dezembro de 2008

Poderá ser pior

O tempo em Faro mudou um pouco nos últimos dias. O sol que brilhava tanto foi encoberto por nuvens chatas que fazem a temperatura baixar e já pingou uma chuva que antecipa uma passagem de ano mais molhada que o habitual. Enquanto lamentava as más condições do tempo ao meu tio, passei os olhos por um artigo do Correio da Manhã que alertava para a possibilidade de Invernos mais rigorosos nos próximos anos devido à inusitada calma do Sol. A estrela maior da nossa galáxia atravessa um momento de acalmia, sem solas grandes convulsões libertadoras da energia que atinge o nosso planeta sob a forma de raios solares.

Os cientistas dizem que está tudo dentro do normal e que estes períodos de menor actividade do Sol são cíclicos, o mais que se pode esperar são temperaturas mais baixas durante os próximos tempos. Adiantam os mesmos cientistas que estes ciclos têm uma duração aproximada de 11 anos mas que o receio dum período alargado de frio subsiste igualmente, pairando o espectro duma eventual repetição do terrível Mínimo de Maunder - uma espécie de mini-idade do gelo.

Não posso imaginar o Inverno de 2005 de que todos os polacos me falam, temperaturas na ordem dos -20º e -30º. Esse Inverno foi considerado normal para estas criaturas habituadas à aspereza do clima, mas se vier aí a cabazada de frio que os cientistas prevêm para os próximos 11 anos vou ter de vestir um edredão para sair à rua!

sábado, 27 de dezembro de 2008

Olha o balão, na noite de Natal

Estas férias têm sido pródigas na recuperação de várias tradições que há muito não vivia, nomeadamente a tradição de ir à Praia de Faro após a meia-noite de Natal. O Vitinha abre as suas portas para receber uma multidão de amigos que lá bebem as imperiais da ordem para rematar uma noite de rancho melhorado. Lá encontrei os rostos do costume atrás das torneiras de imperial e algumas caras de sempre entre os copos de plástico, conversa para pôr em dia e relatos da terra distante para contar aos curiosos.

Notei que alguns elementos da "velha guarda" faltaram à chamada, por preguiça ou por impedimentos de ordem familiar. Constatei que por um momento olhei em meu redor e não vi semblantes conhecidos, só pessoal que nunca havia visto naquela reunião e que vão substituindo os habitués num claro sinal dos tempos. Quando cheguei a esse ponto olhei para o relógio e como acusava 2:30 da manhã pensei em recolher a casa, logo mudei de ideias ao identificar o motivo do bruá que se sentiu naquele instante. Era o balão!

Há muitos anos que, faça chuva, vento ou bom tempo, pela noite de consoada lança-se um balão de ar quente ao céu da Praia de Faro. Não sei de quem partiu a ideia mas sei que o Tó Quintas tem-na mantido viva e a romaria à Praia para "ver o balão" já faz parte do cardápio de Natal da cidade de Faro. As televisões vêm cobrir o acontecimento, são muitos os mirones que se assomam para ver a subida dos balões e que aplaudem o sucesso da iniciativa. Vários carros estão estacionados com os seus sistemas de som a derramar batidas fortes e emprestam um certo ar de discoteca open-air ao local enquanto muitos jovens bebem o seu vinho, comem bolo-rei ou fumam loitas sentados no muro da praia. Tudo no maior relax, ambiente de paz e harmonia, cada um a curtir a sua e a preocupação só chega quando alguém telefona a comunicar que a Brigada de Trãnsito está na ponte ou na Rotunda do Aeroporto. Eu sempre fui cliente assíduo destas noites mas, por obra e graça das bezanas, em mais de 10 anos que este evento tem, eu nunca havia testemunhado o lançamento do dito balão.

Este ano a noite estava bela, nem uma brisa soprava e tampouco as nuvens apareceram. Consegui ver o lançamento, não de um mas de três balões que levaram consigo certamente muitos desejos e esperanças de todas as pessoas presentes para o novo ano. Eu atei um ou dois pedidos na cauda de um dos balões que subiu na vertical, subiu imenso até se confundir com uma das estrelas que brilhava no céu límpido de Dezembro no Algarve.

Assim é o Natal em Faro, perto do mar como no resto dos dias.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Aí, latêre!

Lateiro - em Faro, é a designação dada a alguém que come bastante, de forma desmesurada e alarve.

Desde que cheguei a Faro já pus mais 3 quilos em cima. Não é de estranhar se considerarmos que ando a pôr o sono em dia (entre 9 e 10 horas por noite) e que a comidinha caseira da minha tia é do best. Ontem, por exemplo, foi esta pajela para o almoço:

23122008

Dois discos de galinha de cabidela mais queijinho de Azeitão e um Ferreira vintage de 2000 como entrada consolaram este estômago ansioso de paladares portugueses. À noite fui conhecer o restaurante do João Bandeira e aplaudi satisfeito o arroz de marisco e o strogonoff com que me brindaram. As sangrias, branca e tinta, também estavam um pitéu.

Hoje vou à do Cartaxo almoçar com os perigosos dos "11 Esperanças" e já vejo a minha tia de roda do fogão a preparar a bacalhauzada com todos. Se somarmos a isto as imperiais natalícias do costume no bar do Vitinha, temos que provavelmente regressarei a Varsóvia anafado que nem uma foca. E eu não me ralava nada com isso!

domingo, 21 de dezembro de 2008

E ainda a procissão vai no adro

O valente cadelão que apanhei ontem foi tudo menos inesperado. Surpreendente foi a minha boa vontade em meter os pés em bares nos quais eu já tinha posto a cruz há muito tempo. Foi também uma surpresa a minha chegada a casa às 7:00 da manhã, não me orgulho de ter conduzido com álcool no sangue (terá sido sangue no álcool) mas consegui levar a nau a bom porto.

Hoje ainda não saí da cama. O sol brilha lá fora como se quisésse incendiar o quarto para que eu levante o cu e saia à rua. Ligaram-me para me desencaminharem outra vez mas a minha voz cavernosa indiciou imediatamente a indisponibilidade para tais feitos. Tenho um jogo de bola marcado às 20:30 mas o chassi está todo amolgado e tenho cãimbras em músculos que não sabia que existiam.

Vou ver se tomo um duche, enxaguar a ressaca e pôr-me a caminho da casa da minha irmã para jantar tranquilamente. Os jantares de Natal vão-se contabilizando e só resta um, por fim. Depois é o salto do pardal até à passagem do ano. Mas isso é só depois.

Espero que a vossa quadra esteja a ser menos tóxica que a minha q:D

sábado, 20 de dezembro de 2008

Dezembro no Algarve

Vai a tarde a meio num solarengo dia de fim de Outono no Algarve. Um Sábado que promete grande folia por ser o dia do jantar de Natal do pessoal que se junta à do Rogerinho, os meus amigos da criação que não são vistos há quase 8 meses. Há muitas, muitas estórias para contar, episódios do passado para recordar, muitos pontos de vista para trocar e experiências para partilhar. As grandes diferenças entre as nossas vidas de moços pequenos e de adultos (supostamente) responsáveis, o que mudou na nossa visão do mundo e os hábitos que se modificaram. Vai ser bom rever estes amigos.

A propósito de hábitos que mudaram, eu mantenho um hábito que me faz muito bem ao sistema. Às vezes sento-me no algeroz de casa e olho em frente para a Ria Formosa. Vejo a minha cidade ao fundo, por trás do aeroporto, conto os aviões que aterram e levantam, aceno aos barcos que passam, faço festas aos gatos que se roçam preguiçosos nas minhas pernas e ali permaneço largos minutos a sorver maresia e a encher-me da calma lenta que se faz sentir. Um bando de gaivotas ajunta-se e chamam mais colegas para uma reunião a ter lugar em frente a casa. Logo são dezenas que pairam e piam como que reivindicando alguma coisa a alguma entidade que não se vê pois a Ria está vazia e não se descortina vivalma num raio de 300 m.

Eu sei porque elas se juntaram espontaneamente àqu20122008ela hora. A  minha tia surge à porta com um alguidar de peixe e serve-lhes o almoço para alegria das aves que se atiram garganeiras sobre o petisco. Ao longe, a minha cidade ganha tons de rosa e fogo à medida que o sol desce e se reflecte nas janelas envidraçadas dos edifícios marginais. Em Varsóvia já é noite cerrada e aqui ainda estou de óculos escuros gozando 14º centígrados. Respiro fundo e atesto os pulmões com ar do mar. Despeço-me das gaivotas e sento-me ao computador para escrever este post, esta é uma imagem que tem de ser partilhada.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Há coisas que nunca mudam

Possível diálogo em Varsóvia entre um português e um grupo de polacas numa noite de copos:

(Ele) - Boa noite.

(Ela) - Boa noite, tudo bem?

Diálogo real em Faro entre um português e um grupo de portuguesas numa noite de copos:

(Ele) - Boa noite.

(Ela) - Boa noite? Só se for para ti!

Moss, Capitão Favinha... Ainda acreditas no Pai Natal?!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

E fazer o quê?

Não há dúvidas que uma das principais características do povo português é o seu entusiasmo na forma exuberante como recebem os amigos. Alguém que esteve afastado da raíz durante algum tempo notará imediatamente a felicidade com que os seus o acolhem, as palmadas e abraços afectuosos que o envolverão, os risos autênticos do reencontro, as estórias recordadas e os episódios novos da vida na terra-mãe, que serão relatados com a pressa natural de quem tem muito para contar e que serão devorados com a sofreguidão natural de quem quer saber muito em pouco tempo.

Todas essas sensações foram por mim experimentadas neste regresso a Faro. Muita alegria e prazer em rever as caras de sempre, muitas jantaradas e petiscos agendados para pormos a escrita em dia, muitas epopeias contadas e muita curiosidade dos meus velhos amigos em saber como é a vida na estranja. Quando a conversa chega a este ponto é inevitável traçarmos o paralelo entre a realidade polaca e portuguesa e aqui sinto algo que nunca senti antes nos meus compadres:  apreensão.

O desânimo é comum em muitos dos meus companheiros. Falam-me de dificuldades em arranjar empregos com salários condizentes com as suas habilitações, 28102008aqueles que têm o seu próprio negócio lamentam-se e falam de despesas crescentes face a receitas que diminuem a cada dia. Brilham-lhes os olhos quando me perguntam pelas minhas aventuras em Varsóvia, pelas oportunidades de trabalho que efectivamente vão surgindo na Polónia, pelos horizontes profissionais que se podem atingir no país onde resido agora. Apresento-lhes o quadro real da vida na capital polaca e todos acenam afirmativamente com a cabeça entre duas baforadas no cigarro. Por fim encolhem os ombros, estalam a língua, respiram fundo e, procurando afugentar a desilusão, perguntam-me em voz alta e amigável:

"Atão e quando é que voltas para cá de vez?"

Eu sorrio e peço uma mini. A minha resposta está dada e todos a perceberam.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Em Faro

De Quarta para Quinta: directa
De Quinta para Sexta: 3 horas
De Sexta para Sábado: 1 hora


Hoje já consegui dormir 7 horas, não dormi mais porque o Toni acordou-me para irmos ver o Farense. Em boa hora o fez porque ajudámos a matar o borrego no Estádio Algarve.


Agora estou confortavelmente deitado no quentinho, ouvindo o rumor das ondas na praia de Faro e a tratar do meu brinquedo novo que permite-me estar em contacto com o mundo em qualquer lugar. Vantagens de fazer anos em Dezembro, os presentes (porque concentrados no pacote aniversário-Natal) são mais substanciais e este ano resolvi mimar-me com esta fantástica máquina. Cerca de 1 Kg de tecnologia portátil operados através dum Windows em polaco. Windows em polaco porque também assim se aprende este idioma... teoricamente.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Metugassexuais

Madrugada alta de Sábado, uma mistura de portugueses e polacas senta-se à mesa dum bar para comer alguma coisa após uma noitada dançante. A conversa decorre amistosa, diversos temas são abordados e as diferenças culturais são denominador comum em todas: Porquê a Polónia? O que mais gostamos e menos aturamos? As diferenças? O trivial que nos é perguntado com a surpresa de quem vê imigrantes naturais de tão belo país estabelecerem-se nas suas terras obscuras e que já não vai sendo surpresa para nós. A todas as curiosidades fomos satisfazendo com respostas pacientes e divertidas até que a conversa derivou para um assunto bizarro e que ninguém conseguiu explicar como diabos fomos lá parar: Metrossexualidade.

O conceito "metrossexual" surgiu nos anos 90 da junção de "metropolitano" com "heterossexual" e define um homem que revela um especial cuidado com a sua aparência e imagem, gastando para tal grandes quantidades de tempo e dinheiro. Esta concepção dum homem urbano cheio de mariquices fez muita confusão na cabeça das nossas interlocutoras, de tal forma que tivémos de desmistificar muitas ideias que à comum das mulheres polacas poderão ser assombrosas mas que para muitos comuns portugueses acabam por ser gestos quotidianos, comuns e automáticos.

  • Usar cremes hidratantes e produtos específicos para a higiene da pele - Não necessariamente o after-shave mas um anti-rugas, um revitalizante e até mesmo um contorno de olhos. Junto a este pacote o esfoliante facial, a espuma de lavagem do rosto e penso que não estou a exagerar. Na prateleira da casa-de-banho dum homem moderno vêem-se estes produtos com a mesma naturalidade que se vê um notebook na sala duma mulher executiva, julgo eu. Se tratamos do sorriso com produtos próprios (pastas, géis, elixires, fios dentais, etc.) porque não fazê-lo no resto da imagem física?
  • Depilação das zonas púbicas - Da mesma forma que um homem gosta de ver uma vagina arranjadinha e cuidada (pelo menos este homem gosta), uma mulher também dispensa penugens exageradas. Este tipo particular de vegetação não é considerado reserva natural, o desbaste é permitido e até encorajado por vários motivos. Por questões de higiene pessoal, por questões de estética, por questões de conforto. Há menos odores desagradáveis e menos riscos de desprendimento de pêlos incómodos nos momentos em que toda a concentração é exigida. Não cabe na cabeça de ninguém abrir o presente e encontrar um farfalhudo Sandokan ou uma Rapunzel de carapinha, vade retro!
  • Tratar das unhas e cutículas - As mãos revelam muito do carácter das pessoas, as unhas devidamente limpas e tratadas revelam um homem que se preza. A manicure deixou de ser um mimo exclusivamente direccionado às mulheres para ser um ponto de encontro macho, homens que querem evitar o embaraço de segurar na delicada mão feminina com os seus dedos descascados, peles eriçadas, panarícios infectados, crostas encarnadas ou cabeças de dedo disformes com unhas roídas até ao sabugo. Importantes documentos são assinados, cumprimentos decisórios são efectuados, gestos marcantes são feitos, primeiras impressões são criadas com as mãos. Nada como mantê-las em óptimas condições.
  • Definição dos pêlos visíveis a olho nu - Refiro-me às sobrancelhas, cílios nasais, pêlos do ouvido externo. O camarada Cunhal era um homem de convicções fortes e só nesse contexto se explicam as suas sobrancelhas hiperpilosas. Um sobrolho à Cantona também não dá ares a nada a não ser que tenhamos um ganda fio de ouro com o cérebro da corvina ao pescoço dum peito semelhante ao pinhal de Leiria. Feio é também ter ramos de hortaliça pendurados nas narinas ou uma mancha escura na concha do ouvido, dá a impressão de ser difícil respirar por aquelas ventas ou de não se ser capaz de reter um nome ou número de telefone porque as palavras não conseguem romper aquela barreira vegetal. Já agora, um toquezinho nas axilas também não era mal pensado.

Não entrei na questão das marcas de roupas e sapatos porque isso seria entrar num capítulo de preferências pessoais. Nem toda a gente gosta de roupa laranja ou ténis cor-de-rosa como eu gosto, mas concluiu-se que o homem português (pela amostra daquela mesa) ciuda-se. Já não é o macho lusitano que cheira a cavalum, que limpa a cera dos ouvidos com a unhaca, que pinga espuma de cerveja pelo bigode, que coça os gomos sem escrúpulos e que tem barba até aos pés. O espanto das nossas amigas ao ouvir os nossos relatos de hábitos corporais fez-nos acreditar que estamos no bom caminho e que - aparentemente - contribuímos para a melhoria (na minha modesta opinião) da imagem que os portugueses têm perante os polacos, polacas neste caso. Elas nunca tinham "ouvisto" falar de um par de tóinos barbeados, camano! Não conseguiram imaginar o toque dum escroto com pele de bebé cheirando a CKone, por exemplo. q:D

Será paneleirice? Será palhaçada? Será mariquice ou sinal de moleza? Como tudo na vida, há quem concorde e quem não o faça, contudo e de certeza, a partir daquela noite a vida não será mais a mesma para aquelas almas que se sentaram conosco à mesa do Lemon. Imagino o que iria naquelas cabecinhas a caminho de casa...

ps - Tive mesmo para comprar um portátil cor-de-rosa. Só não o comprei porque teria de gastar imensa saliva para convencer a gente que o hábito não faz o monge.
Vem branco, também serve.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Vaiam comprando camarão, camano!

Contam-se pelos dedos duma mão os dias que faltam até voltar a pisar solo algarvio. A necessidade é muita, há muita coisa que não faço há demasiado tempo. A saber:
  1. Comer peixe - O peixe que chega em Varsóvia é principalmente peixe do Báltico, peixe gordo como Arenque e Salmão. Sim senhores, o peixe é fresco e de boa qualidade mas não é páreo para uma senhora sardinhada no pão, um casal de cavalas ou carapaus assados, um pargo no forno ou um rabo de corvina cozido com batata e ovo como a minha tia faz. O peixe atlântico é que é bom e já vai fazendo falta.
  2. Ouvir português na rua - O momento em que notamos que estamos há muito tempo longe da terra é quando reparamos que já não nos estranha ouvirmos as pessoas falarem esta língua do demónio. Cada vez que se ouve o idioma de Camões nas ruas de Varsóvia eu giro a cabeça e apuro o ouvido para determinar o sotaque, sinal das saudades da nossa linguagem.
  3. Beber minis ou imperiais de tamanho decente - Sempre que bebo uma imperial estou a emborcar meio litro de cerveja. Beber 3 ou 4 imperiais, coisa banal em Faro, representa ingerir 2 ou mais litros com as consequências nefastas que isso traz aos aparelhos hepático e urinário. Noto que vou ficando mais resistente ao álcool (apesar de uma noite destas ter acordado na estação de metro errada) mas uma superbike de 0,25 fresquinha sabe a pato. Penso ser essa a primeira coisa que farei quando aterrar em Faro, voar à do Rogerinho e mamar um rebuçadinho daqueles.
  4. Ir à bola - Ver o Farense, naturalmente, numa deslocação ao Alentejo e papar um cozido de grão com bons amigos como fazia há anos. Em Aljustrel serviram-nos uma pajela de grão que dava pra matar a fome a um exército. Copos, mamagem, bola e tralalá. Celebrar a boa vida com boa malta.
  5. Ver o mar - Lembro que este foi o primeiro Verão da minha vida sem mar e custou-me um bocado. Irei certamente sentar-me na minha praia várias vezes nestes dias, aspirar a maresia de Sul que sempre fez parte de mim e reflectir na Ria Formosa, qual lâmpada do aeroporto, as resoluções para o novo ano. Muito preciso do ar do mar e também de patinhar na areia. É o meu elemento, o meu habitat natural.
  6. Falar algarvio - No Algarve fala-se muito mal português, verdade seja dita. Isso dever-se-à possivelmente à imensa variedade de sotaques que existem, as pessoas de Lagos não falam como as de Loulé, as de Vila Real não falam como as de Silves, as de Olhão não falam como as de Faro (e aqui há só 9 km de distância). Por motivos profissionais tive de limar o meu sotaque para não ferir tímpanos polacos, também pela convivência com varsovianos já começo a adquirir a sua musicalidade da fala. Espero regressar à terminologia de Faro o quanto antes pois sinto perder a minha identidade sempre que falo com alguém em português.
  7. Comer sem olhar para o relógio - Seja por causa do trabalho ou pelas pessoas que nos aguardam depois do jantar, comer nesta terra tem sido, para mim, sempre um acto de emergência. Recordo patuscadas de colar o almoço ao jantar na casa do Nélson na Amendoeira ou de grandiosas e lentas refeições à do Baranito. Pôr a escrita em dia em torno duma açorda de marisco ou duma cataplana de carne, duma entremeada estaladiça ou dum feijão com massa.
  8. Ver o azul do céu - Acreditem-me, não damos o devido valor a esta situação. Olhar para cima e ver tudo invariavelmente cinzento é do mais ruim e chato que possamos imaginar. O céu azul tranquiliza, motiva, renova. Mais do que um momento de matar saudades, ir a Faro será um acto de reciclagem que tenho de fazer com rapidez.
Esta partida em breve justifica igualmente a falta de internet em casa. O contrato anterior vigorou até 1 de Dezembro, estava em nome da anterior inquilina e aguardo por ora a chegada das promoções natalícias para enfeirar o pacote que mais me convenha. Daí que os posts sejam mais espaçados no tempo, lamento o facto mas tem de ser. E o que tem de ser... tem muita força.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

PM Misha - XXXV

Atravessando mais uma era de trevas devido a inexistencia de internet em casa, cumpre-se hoje mais uma etapa neste longo caminho a que se chamou "vida".

Escuso-me de fazer consideracoes sobre os meus 35 anos que hoje cumpro, so peco a quem de direito que me faculte, pelo menos, a mesma saude e sorte que tenho recebido ate agora. Penso que nao sera pedir muito e ficarei bem satisfeito se tal acontecer.

Presentes? So quero um, bem facil de adivinhar... Bora Vuk!

Obrigado pelas mensagens e telefonemas que tenho recebido, fazem bem ao ego e sinto-me mais perto de voces q:)