sábado, 28 de fevereiro de 2009

Retalhos da vida de um Algarvio - 11

Um cheiro a vinho flutua no quarto quando acordo, em cima da mesa há copos semi-vazios com pedaços de fruta que sobraram da sangria da noite passada. São 10 da manhã e é hora de me despachar para um curto período de trabalho.

Um duche revitalizador ajuda a remover as cascas de tabaco e recupera um corpo espremido pelo deboche anterior. Descubro um gel de banho esfoliante e raspo vigorosamente a pele na esperança que o seu aroma reabilite o espírito e o ser. Depois do banho sinto-me mais novo, talvez uma semana mais novo.

De toalha à cintura passo por ela que dorme serena e graciosa, entro na3f40bef2ae7473ccmed cozinha e preparo um café com leite. Puxo o estore da janela e espio a bonita manhã, os prédios, as pessoas, a cidade. Sacudo os cabelos molhados enquanto mexo o café e observo ao longe o corre-corre dos elétricos e autocarros na Plac Zawiszy. Uma avozinha passa na rua a olhar para o 2º andar e faço-lhe adeus, a senhora segue o seu caminho talvez afrontada pela minha falta de pudor, acenando-lhe de tronco nu.

Estendo-lhe uma chávena de café e ela agradece-me com um sorriso estremunhado. Despeço-me dela e saio para a rua. Caminho com prazer pelo passeio da Jerozolimskie porque está uma fabulosa manhã de inverno, excepcionais 9ºC na ressaca duma noite de arromba. Zombo daqueles que fogem atrás do transporte e vou preparando-me mentalmente para a festa seguinte a ter lugar esta tarde em casa do André. Rio de leve quando penso que há vidas mais difíceis do que a minha e pergunto-me o que poderá estragar um dia tão bonito como o de hoje.

Lembrei-me logo. Hoje vamos jogar ao Dragão, tá tudo charingado!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

4 extraordinárias sensações

  1. Atirar com os ossos amachucados para cima duma cama macia e quentinha sem ter a preocupação de ajustar o despertador;
  2. Levar um garfo de comida deliciosa à boca quando o estômago ronca de impaciência faminta;
  3. "Essa" mesmo;
  4. Aliviar a uretra na nossa sanita depois de passar o cabo dos trabalhos aos pulinhos no elevador e de quase encharcar as calças enquanto se despe em pânico 2 casacos, 1 par de botas, luvas, cachecol e após lutar contra os fios do iPod que tinham ficado emaranhados na correia do saco do portátil.
    Porque será que basta enfiarmos a chave na porta da rua do prédio para a barragem dar de si?

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Mais do mesmo

Vi no boletim "mentirológico" que as previsões para o estado do tempo nas próximas horas em Varsóvia são interessantes. O mercúrio vai subir até aos 0ºC e daí não cairá pelo menos durante dois dias. Muito bom para os dias que correm.

17022009 Para quarta-feira à tarde prevê-se 1ºC, quase temperatura de primavera q:D Mas como o pão do pobre quando cai é com a manteiga para o chão, esse grauzinho centígrado do nosso contentamento é acompanhado de ventos fortes dando a sensação de que estarão -5ºC. Ou seja, um briol do cacete. No inverno passado não me lembro duma sucessão ininterrupta de dias tão frios como neste ano, caíram umas nevezitas como é hábito mas nunca em série como nesta estação.

O que vale é que já falta menos de um mês para a primavera, seja lá isso o que for...

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Na Polónia sê Polaco - 6

18022009(001)Apesar de ter um supermercado do outro lado da rua, chateia-me profundamente ter de vestir um regimento de samarras para comprar meia dúzia de papossecos ou leite. Prefiro sentar-me no pc e visitar o alma24.pl para poder fazer as minhas comprinhas confortável e tranquilo, normalmente ao fim da tarde de domingo. A entrega ao domicílio é grátis a partir dum determinado valor e sabe muito bem receber as compras em casa sem ter de andar carregado que nem um burro a apanhar frio nas ventas.

Assim se enche a despensa e o frigorífico sem grandes problemas. Corrijo - Assim se recheia a despensa sem grandes problemas porque o frigorífico não enche tão facilmente e também porque há melhores maneiras (e mais naturais) de se manterem as compras frescas. Como colocando-as na varanda.

Numa altura em que as temperaturas são geralmente negativas, a  varanda dos apartamentos são locais de preferência para arrumar alguns produtos que necessitam ser conservados no frio. Os polacos aproveita18022009m a frieza do clima para guardarem nas suas varandas a sopa que sobrou ao jantar ou as torpes conservas que me apavoram sempre que tenho de comer qualquer coisa. Também guardam as inevitáveis garrafas de vodca, bebida imprescindível nos fins de semana de Varsóvia, porque a vodca não congela ao que eles dizem, ou pelo menos não tem o mesmo ponto de solidificação da água. Eles têm razão, vodca naturalmente geladinha sabe a pato.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Uma balada na neve

Bate leve, levezinho...

Sem título

Podiam ter sido algumas 4 ou 5 sem favor nenhum mas, mais uma vez, um jogo grande fica manchado por um caso protagonizado pela arbutragem: Aquilo que o Pereirinha fez ao Sidnei no lance do 3-1 é para vermelho directo!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Um pouco de fé (dá-lhe, Tim!)

kn2222g3 Portugal disputou a Final do Campeonato Europeu de Futsal para padres. Parece que os clérigos portugueses são bons de bola e fizeram juz ao cariz católico e futeboleiro do nosso país. Segundo Salazar, Portugal era "fado, futebol e Fátima" e a selecção de padres portugueses justificou o chavão pois, com Fátima no coração, jogou contra o fado de perdermos sempre no futebol. Não conseguiram, julgo eu, não por falta de fé mas porque do outro lado estava o país mais católico do mundo - a Polónia. No fim das contas, a fé(zada) portuguesa nada pôde fazer contra a força do TRWAM, Radio Maryja e etc.

Não queiram saber a dificuldade que eu estou a ter para evitar as analogias, tão fáceis neste contexto, entre o papa polaco e o papa português.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Valha-nos isso

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O Mário lembrou-me que hoje é quinta-feira gorda. Punhão, que me vou desforrar!

Morno como um Calippo

Nota prévia - Ciepło significa morno em polaco.

14012009(001)

  

Há 72 horas consecutivas que neva em Varsóvia. "Rua Morna"? Só podem estar a gozar com uma pessoa.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

E vem a vida e muda-te os planos

Devido ao enorme nevão que assolou a Polónia esta manhã, registou-se um choque em cadeia na autoestrada A4 que liga Wrocław a Cracóvia. O acidente envolveu mais de 80 viaturas mas felizmente não causou vitimas mortais.

Ao local foram chamados meios aéreos de socorro, nomeadamente um helicóptero de intervenção especial porque os feridos necessitavam de ser evacuados devido as baixas temperaturas que se sentiam e o riscos inerentes ao frio. A intempérie estava agreste e por esse motivo o helicóptero despenhou-se causando a morte do piloto e dum paramédico que nele viajavam.

A ironia da puta da vida: Ninguém morreu no acidente e acabam por falecer os que iam auxiliar as pessoas. Não somos nadinha, porra.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

And the beat goes on

O Inverno ainda vai a meio e já os polacos perguntam quando é que ele se vai embora. Falar do tempo é condição obrigatória nos transportes públicos, em cada estação ou paragem de autocarro ou elétrico entram passageiros que barafustam por causa do frio que se tem sentido ultimamente. Esta manhã o meu termómetro envergonhou-se com os -10ºC que me ofereceu e apesar da temperatura ter subido até aos -6 o prognóstico é muito reservado e não prevê grandes melhorias. Ainda estamos em Fevereiro e o frio está para durar.

Nestes dias a paisagem da capital da Polónia é predominantemente branca, um branco entrecortado pelo cinzento das ruas e carris do elétrico ou picotado pelas vestes escuras das pessoas como uma stracciatella urbana. Monos de roupas sombrias erram pelas artérias de Varsóvia metidos com os seus próprios pensamentos, enfiados em gorros e sobretudos e arfando penosamente à medida que patinham nas poças de neve líquida que se vão formando nos passeios. Narizes vermelhos acusam o incómodo daqueles que, mesmo habituados aos rigores do Inverno continental, se sentem desconfortáveis e incomodados com o frio. O elétrico chega ruidosamente e recebe-nos com o aquecimento barulhento no máximo da ineficácia, fora do elétrico estão -6 mas dentro da carruagem a temperatura não deve passar dos 0ºC.

Uma certa lástima vai apossando-se de mim esta manhã, ao que não é estranho o facto de ser segunda-feira. Um olhar triste para o níveo horizonte tenta descortinar um raio de sol estival nas praias do Algarve, uma churrascada na Ilha do Farol, uma imperial no Zé Maria, um futevólei de pôr-do-sol, uma festa no barco do Columbus, um cigarrinho em frente das luzes do aeroporto. Consulto a agenda para verificar se tenho as reuniões todas acertadas, se tenho tempo suficiente para me deslocar entre os respectivos locais, procuro distrair-me e anular o peso grave que o Inverno polaco impõe à gente. Abro a boca de enfado e respiro fundo, ajeito o saco do portátil e fecho os olhos. Estou a voar no tempo, rodo os ponteiros do relógio para trás e aterro na Ubi, em Tavira. Festa da Espuma, gente aos magotes, amigos em barda, povo histérico, alegria a montes.

Lentamente a pele dos lábios vai-se esticando, desenhando um sorriso contrariado. Abano os pensamentos melancólicos e procuro fixar-me nas tarefas do dia... mas o leitor de mp3 empurra-me para a festa algarvia. Não consigo resistir à tentação de recordar as noites do DJ João Paulo, os hamburgers do Vladi na Quinta do Eucalipto e o carro do Basic aos pulos na Via do Infante ou as miúdas do Gravata no banco de trás. Tamborilo os dedos na cadeira da frente e sorrio agradecidamente ao sol cúmplice que se junta na dança e celebra, comigo, a vida.

Não há hipótese, este som dá vida aos mortos.

Mê Paka, os Bi-Section podiam ter sido grandes...
 

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Eu cá não sou...

... supersticioso mas na Polónia há uma série delas. Hoje é sexta-feira 13, dia de todas as crenças e superstições, dia também de recordar algumas que fazem parte do folclore polaco. A saber:

Se virmos um limpa-chaminés temos de tocar num botão metálico da nossa roupa, isto se tivermos a sorte de trazermos roupa com botões metálicos. Botões da mala, carteira ou mesmo de algum armário também resolve o caso;

Dá boa sorte atar uma fitinha vermelha no berço dos bebés porque a cor vermelha anula o mau-olhado;

No caso de nos termos esquecido de alguma coisa em casa e ser  necessário regressar, é fundamental sentar no sofá ou numa cadeira e contar até 10;

As mulheres não devem deixar as suas bolsas ou sacos no chão, dessa forma o dinheiro foge;

É conveniente casar num mês que tenha a letra R no seu nome, Maio é consequentemente um mau mês para celebrar casamentos;

A ceia de Natal é composta por 12 pratos, todos têm de ser provados. Quanto mais se comer melhor será o ano seguinte (gosto muito desta!);

No casamaneto, a noiva deverá usar uma peça de roupa azul - fidelidade do noivo -, uma peça de roupa emprestada - sinal de que a família do noivo a aceitou - , uma peça branca - cor da pureza-, uma peça antiga - simboliza a ajuda dos amigos e família - e uma peça nova - para que se atraia fortuna;

Numa sexta-feira 13 não é aconselhável criar negócios, comprar casas ou carros. Também é mau sinal espirrar, tomar banho ou vestir uma camisa nova (esta já não me seduz).

20070527-Zica

Esta e outras crenças fazem parte do quotidiano polaco, umas mais inverosímeis que outras mas todas ricas porções da fantástica cultura do país em que vivo. Que nunca se atravesse um gato preto no caminho dos leitores e que nunca se derrame sal nas vossas mesas. Se tal acontecer, 3 pancadinhas na madeira e odpukać w niemalowane drewno!*



* Isolar (o azar) na madeira

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Falência intectual

Pergunta um professor de português para outro:

- Qual é a diferença entre "codzienny" e "każdego dnia" ?

 

- Então? Um quer dizer "todos os dias" e o outro significa "diariamente".

- ?!?

- Hmmmmmm...

Isto tá agreste, pessoal. Muito agreste.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O Estranho Caso de Miguel Veloso

Um dos grandes problemas do Sporting acaba por ser precisamente a sua mais-valia: A profusão de talentos que emergem da sua formação. Todos os anos aparecem jovens jogadores na equipa principal leonina com enorme potencial e a quem todos os especialistas augu(ra)ram futuros brilhantes no panorama do futebol mundial, como foram os casos de Futre, Figo, Simão, Hugo Viana, Cadete, Boa Morte, Dani e mais recentemente Ronaldo, Quaresma e Nani, todos internacionais e protagonistas nas ligas mais competitivas e mediáticas do planeta. Outros leõezinhos já estão a dar cartas como são os casos de Moutinho, Djaló, Pereirinha (que surpresa, a evolução deste jogador!), Rui Patrício e Carriço (senhor central!) e ainda há outros prontos a dar o salto qualitativo - Celestino, David Caiado, Saleiro, Fábio Paim (espero que o Chelsea lhe faça bem à cabecinha).

O processo de concepção dum jogador de futebol de qualidade acima da média é moroso e exigente, obedecendo a inúmeros parâmetros determinados, em primeira instância, pela pena e olho de Aurélio Pereira, m532650389estre na detecção de novas gemas futebolísticas em Portugal. A lapidação (no bom sentido) das pedras preciosas fica a cargo dos técnicos de Alcochete e a promoção à categoria principal é, mais que um prémio, a consequência natural dum trabalho árduo que levou anos a ser efectuado. São muitos os chamados, poucos os eleitos e ainda menos os que perpetuam o seu nome na memória dos adeptos. Recordo nomes que passaram ao lado duma grande carreira de leão ao peito - Paulo Torres, Lourenço, Semedo, Santamaria, Poejo, Carlos Martins, Peixe, Custódio, Porfírio por exemplo. Uns por manifesta falta de qualidade extra ou sorte, outros por terem o juízo igual ao da corvina, ficaram pelo caminho na história do Sporting. Todos cumpriram as etapas de formação e tal como o grupo de grandes vedetas que acima mencionei, muitos jogaram em campeonatos inferiores antes de darem o salto.

Há um episódio paradigmático que ilustra a política de formação do Sporting - Num jogo da Liga dos Campeões, o hino da competição está a ser tocado em Alvalade, a câmera foca os jogadores concentrados e ao passar por Djaló e Veloso eles riem descontraídos. Riem do quê? Veio a saber-se que naquele momento os dois amigos constatavam que apenas há 300 dias atrás eles estavam a jogar na 2ªB. Naquele momento viam que iam começar a jogar contra Inter, Manchester United, Barcelona, Roma e Bayern de Munique em vez de Casa Pia, Real Massamá, Olivais e Moscavide, Mafra, Vendas Novas e Louletano. Jogadores que evoluíam em campos obscuros do país são lançados sem pruridos para os grandes palcos do futebol europeu na grande montra da maior competição de clubes do mundo. É um motivo de orgulho e motivação disputar a Liga dos Campeões, provavelmente o segundo momento mais alto da carreira dum jogador português (assumindo que o primeiro será envergar a camisola das quinas), um momento que perdurará na memória do jogador e dos adeptos, um momento que justifica o sacrifício pessoal e o investimento que o clube / sociedade desportiva fez na sua formação como jogador e como homem.

Penso que aqui reside o grande problema do Sporting no que diz respeito à formação, faz grandes jogadores mas pequenos homens. Miguel Veloso é o exemplo terminado dum bom jogador - não é ainda um grande jogador - mas com uma mentalidade muito pequenina como provam as suas recentes atitudes. Não culpo directamente o jogador pelas suas acções porque está manifestamente provado que ele está a ser manipulado e muito mal aconselhado, mas Miguel Veloso deverá ser mais responsável por si próprio e definir o rumo que quer dar à sua carreira, senão atentemos nos seguintes factos:

- Certamente pela mão do seu pai, um símbolo do SLB, o jovem Miguel prestou provas no tal clube e não foi aceite com a justificação de ser gordo, nem a cunha do capitão António valeu ao filhote. O Sporting reconheceu-lhe capacidades e acatou o jogador transformando-o naquilo que ele é hoje - muito ou pouco - e merecendo públicas comendas por parte do pai Veloso.

- No plano pessoal sabe-se que o jogador gosta dos flashes dos media. Tenho a opinião de que se o rendimento do jogador não for comprometido pelas suas actividades extra-profissionais não vem daí mal nenhum ao mundo. Porém também é certo que "à mulher de César não basta apenas ser séria, é preciso tambemveloso parecer" e os desfiles de moda, presenças assíduas em eventos da noite e diversões mediáticas levam-me a pensar que provavelmente Miguel Veloso não se dedica à sua profissão com a entrega e respeito que os milhares de euros mensais que ganha exigem. Nunca vi o Zidane ou o Kaká, o Raul ou o Lampard, o Figo ou o Messi em bolandas e não se vê nenhum jogador do FC Porto, paradigma do êxito desportivo em Portugal malgré as falcatruas que são do domínio público, exibir tantas madeixas, gel e mudanças no cabelo.

- No aspecto desportivo, Miguel Veloso efectivamente atingiu um bom nível exibicional mas não se pode considerar um jogador de estatuto superior. Não é indiscutível da selecção (nem do Sporting, que já provou conseguir ganhar sem a sua presença em campo), não tem perfil de líder que possa ser útil na sua afirmação (nesse aspecto Caneira e Carriço dão-lhe 10-0) e de quando em quando até comete a sua pontual falha fatal que termina em golo adversário.

- Finalmente, a atitude de menino mimado que por ter sido contrariado fez beicinho aos pais e amuou, não aparecendo para treinar por protesto com o facto de não ter sido transferido para o Bolton Wanderers. O Bolton? Mas o que é o Bolton ao pé do Sporting?! O Sporting era obrigado a fazer um negócio desvantajoso só porque o jogador quer ganhar mais dinheiro noutro clube? Os patrões, as empresas, os clubes agora estão em função da vontade dos seus funcionários?

Se a opção é por poder ganhar mais dinheiro, então que vá. Desapareça duma vez e deixe o seu número disponível para quem realmente percebe a responsabilidade de envergar um leão verde e branco ao peito. Se prefere a estabilidade financeira à consolidação da carreira, então que parta e que se enterre na escuridão prevista em que alguns se afundaram (Hugo Viana), iludidos pela ideia duma fortuna fácil e desperdiçando a carreira prometedora.

Mas se a vontade é a de querer ser um grande jogador de futebol, como o seu potencial aponta, então que se deixe de traquinices e que se concentre naquilo para o qual é pago. Jogar no Sporting Clube de Portugal, com plena consciência das obrigações a que um profissional daquela instituição está obrigado e respeitando o contrato que foi por si assinado, ao que julgo sem usar-se de coacção ou métodos de tortura. Muitos portugueses fazem sacrifícios para pagar o salário dos futebolistas profissionais, outros fazem das tripas coração para trazer leite para os seus filhos. Miguel Veloso (e o seu representante - porque estou mesmo a ver o empresário a esfregar as mãos com a perspectiva de ganhar uma comissão de milhões de euros em tempos de crise mundial) devia ter metido a mão na consciência antes de ter faltado ao emprego, um trabalho agradável que lhe dá num mês aquilo que muitos compatriotas seus não ganham em 10 anos. Espero que tenha ganho vergonha e que se redima, o Vukcevic pode servir-lhe de exemplo.

E toma lá, pelos queixos!

Não digo eu?

06022009

Aí está o que me faltava, batatas fritas com sabor a pepino. PQP!!!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Portugueses na Polónia - O Fórum

Já existia há algum tempo, tem sido remodelado e será certamente uma ferramente importante na ligação e comunicação entre os portugueses emigrados neste país. Apresento-vos o Fórum da comunidade portuguesa na Polónia:

Ainda está numa fase de (re)lançamento e é um projecto que visa aproximar todos os tugas relacionados com a Polónia ou os polacos que tenham ligações a Portugal. Vem preencher uma lacuna que eu já tinha detectado - a interligação entre bloguers lusopolacos, relacionar os muitos emigrantes portugueses nesta terra - e promete ser visita diária de todos aqueles que têm o coração e a razão divididos entre a Pátria de Camões e a de Sobieski.

Aqui fica a divulgação devida e o agradecimento ao Rui Vilela por ter ressuscitado o espaço. Zapraszam, maltinha!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O balão que não é de Natal

Parece que o hábito de soltar balões na noite de Natal não é exclusiva da Praia de Faro. Por outras partes do nosso país há grupos de pessoas que se dedicam à tradição baloeira por ocasião das mais diversas efemérides.

A Turma Lusa dá eco à voz dos baloeiros de Portugal e lançou uma publicação dedicada aos balões de todo o país, com particular enfoque no Balão de S. João.

Quando eu era pequenino lembro-me de celebrar o S. João em arraiais espalhados pela cidade, no Alto Rodes ou no Largo do Carmo, no Jardim de S. Pedro, no Alto da Caganita ou até na Praia. Havia fogueiras, bailes e fogo de artifício para juntar a festa de Junho ao dia da Cidade. Havia balões, pois claro, e marchas também. Hoje os tempos são outros e as tradições mudaram até o dia da Cidade (um dia hão de me explicar porque raios 7 de Setembro!)

Fica aqui divulgado o trabalho e o contacto da Turma Lusa que este blogue felizmente pôs em contacto com os baloeiros do Algarve. Aquele abraço e bom trabalho.


PS - Penso que aqui em Varsóvia a malta não é muito dada a essas coisas. As tradições são mais austeras e mesmo o próprio clima não ajuda a que a malta se ponha a dar fogo a balões. Noutras regiões do país, epa... desconheço os hábitos. Moços, largam-se balões aí pelo resto da Polónia?

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Comeres polacos

A cozinha polaca é olhada com desconfiança por parte dos imigrantes ou visitantes. Combinações estranhas de tomate, rábano e natas - não necessariamente estes três alimentos juntos - franzem o nariz de quem tem de comer e conviver com as especialidades polacas. Pessoalmente não tenho muita razão de queixa da gastronomia da Polónia, gosto muito de pierogi, gołabki, bigos, karkówka e das suas sopas que são ricas e saborosas. Há no entanto um particular alimento que detesto com todas as minhas forças, os cournichons - pepinos envinagrados.

Esses malditos pepinos aparecem nos locais mais incríveis para me azucrinar o paladar, seja na mais simples salada de acompanhamento, na mais singela sandes ou na mais pura sopa. Azedam uma sandes mista com a naturalidade própria de quem está a cumprir uma missão a que está destinado desde sempre. Descobri essa peçonha num dia em que a Iza surgiu-me a roer um pepino em conserva, fedorento como a peste. Quis-me oferecer um a provar mas o asco que me causou evoluiu em tal ódio que não suporto sequer a palavra em polaco - ogórek. Só o nome dá arrepios.

E nós percebemos o quão enraizado este alimento está na cultura polaca quando abrimos um Big Mac e encontramos o sacana do pepino acenando para nós, sorrindo de escárnio como quem relembra que é impossível fugir-se dele. Não pretendo falar mal dos gostos alimentares dos polacos, nós também chupamos caracóis, comemos cabidela e engulimos ostras cruas. Apenas quero partilhar com o mundo a minha aversão aos cournichons e a todas as aplicações que esta comida do inferno poderá ter, decerto haverá quem pense como eu.